Aponta-se como marco do Estruturalismo saussureano o lançamento póstumo do livro Curso de linguística geral, de Saussure, publicado em 1916. A existência da referida obra se deu graças à contribuição de três de seus discípulos, a partir de
rascunhos feitos nas aulas do mestre genebrino.
Nos anos de 1960, na França, “viveu-se o apogeu da Linguística: ela teria sido a ‘ciência piloto’ entre as ciências humanas e oferecido para essas últimas um modelo de cientificidade” (PIOVEZANI, 2008, p. 17). As ideias do princípio estrutural de Saussure estiveram presentes em várias áreas das ciências humanas, como na Antropologia, História,
Psicanálise, Sociologia, etc. Por esse motivo, pode-se dizer que existem “estruturalismos”, e não apenas o Estruturalismo saussureano.
Uma preocupação marcante de Saussure foi estabelecer uma nomenclatura que pudesse melhor e descrever os fatos da língua. Surgem, então, as dicotomias saussureanas,como descritas acima.
Com a afirmação de que “a língua é uma forma e não uma substância” (SAUSSURE, 1973, p. 141), Saussure estabelece que a língua seria vista como forma, e a fala, como uma
substância. Assim, a forma deve ser compreendida como essência, e a substância como circunstancial.
O Estruturalismo saussureano está ligado ao formalismo por ver a língua em sua forma, como objeto descontextualizado. Com essa metodologia, a língua passa a ser pensada como sistema de signos, e a fala fica excluída dos estudos científicos da linguagem.
Implicações das dicotomias nas correntes linguísticas
Não há como negar que Ferdinand de Saussure alterou o quadro geral dos estudos linguísticos. Suas dicotomias, definindo nomenclaturas e métodos de investigação, trouxeram
consequências profundas à linguística.
Se, por um lado, a opção pela língua, em detrimento da fala, foi frequentemente concebida como a condição necessária para a construção de uma ciência autônoma, por outro,
considerou-se que o corte saussureano excluía as unidades transfrásticas, as variedades linguísticas, o texto, as condições de produção, a história, o sujeito e o sentido.
Para analisar as condições sócio-históricas do uso da língua, ou seja, o discurso, seria preciso romper com a “linguística da língua” e, ao mesmo tempo, problematizar a noção de
“fala”. Definitivamente, o legado de Saussure gerou muita polêmica. Não é à toa que o mestre genebrino é considerado “herói” e ao mesmo tempo “vilão” por muitas teorias
contemporâneas.
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